Acompanhe o movimento de navios em Cingapura…

Ao
sobrevoar Cingapura, um dos maiores portos do mundo, algo estranho
chamou minha atenção. Parecia haver navios demais ancorados em suas
águas.
O Hotel Swiss em Cingapura oferece uma bela vista do porto. Daí também pode-se ver a roda-gigante Singapore Flyer,
uma estrutura realmente GIGANTESCA que leva 30 minutos para dar uma
volta. Infelizmente, ela estava fechada por problemas mecânicos que
fizeram algumas pessoas ficarem presas no topo por várias horas. Uma
idéia bastante desagradável para aqueles que não gostam de
alturas… uma vez que essa roda-gigante mede 165 m de altura! Durante
minha participação no Sun Tech Days 2009 em Cingapura,
conversei com vários desenvolvedores e clientes entre as
aproximadamente 1.300 pessoas que compareceram (veja abaixo). Na
recepção do evento, no 70º andar do hotel, participei de várias
conversas com o porto como pano de fundo (veja abaixo).

Conversei com colegas sobre o terminal portuário de Cingapura
e sobre o motivo da presença de tantos navios no porto. Não fiquei
surpreso ao descobrir que muitos dos navios ficam pouco tempo
atracados, em decorrência da desaceleração das importações e das
exportações. Uma pessoa me disse que o movimento de navios começou a
diminuir em outubro, caiu um pouco mais em novembro e, em dezembro,
sofreu uma queda vertiginosa. A redução da atividade no porto tem
correlação direta com a desaceleração da economia mundial. Uma outra
pessoa descreveu a atividade do porto como “rastejante”. Apesar da
queda de atividade no porto de Cingapura, ele ainda processa 1/5 dos
contêineres de exportação/importação do mundo e, na minha opinião,
funciona como um barômetro econômico. Também observei um grande número
de petroleiros no porto… A ancoragem de curta duração de embarcações
em Cingapura é medida em dias e justifica fazer a escala das
embarcações nesse porto, especialmente se considerarmos sua enorme
movimentação. Basta observar o movimento de navios no terminal
portuário de Cingapura para avaliar se a economia mundial está
melhorando ou piorando. Não é preciso ouvir todos os analistas,
especialistas, jornalistas, noticiários etc. Simplesmente observe os
navios no porto de Cingapura.

Indo
em direção ao norte até Tóquio, encontrei alguns clientes da área de
dispositivos móveis. Consegui comprovar a evidência indiscutível de que
as empresas do mundo todo estão interessadas em reduções de
custos. Isso não significa necessariamente parar de gastar, mas sim
gastar para melhorar eficiências por meio da consolidação (“cloud
computing”) e de componentes comoditizados (armazenamento).

É
bastante assustador ver um número cada vez maior de empresas públicas
apresentarem relatórios decepcionantes de lucros e de
previsões. Empresas de referência, como Microsoft, Nokia, Toyota, LG,
Lockhead, Sony, Hyundai, TSMC, GM, BofA, Barclays e HSBC, limitaram
suas perspectivas e começaram a reduzir seus custos operacionais. Um
analista citado no Financial Times previu dificuldades para alguns bancos britânicos que recusaram a ajuda do governo, podendo ficar superexpostos a mutuários de mercados emergentes. Alguns
se atrevem a especular que esses problemas econômicos mundiais estão
afastando cada vez mais a computação do PC. Isso significa pressão nas
margens das empresas que se concentram nessa plataforma específica de
computação. Com a maior transição para laptops, netbooks, handhelds e thin clients, aumenta a oportunidade para aqueles que conseguem se diferenciar
no ambiente de infra-estrutura de computação. Na minha opinião, é por
isso que o mercado de armazenamento e, agora, o mercado de “cloud
computing” (virtualização 2.0) estão tão em evidência.
S6301369Osesforços em relação ao código-fonte aberto ganham cada vez mais ímpeto
com uma economia em crise. No setor de informática, a barreira para a
troca de fornecedores será baixa. Observe o setor automobilístico. Quem
sabe dirigir um automóvel tem liberdade para trocar de uma marca para
outra. A única maneira de um fabricante de automóvel “reter o cliente
é através da experiência proporcionada a ele. Isso não se aplica
igualmente ao setor de TI atual. A Apple consegue conservar os clientes
graças à excelente experiência com seus produtos. No entanto, observe a
Sony. Eles tinham essa mesma vantagem anteriormente, mas a economia de
consumo fez com que a Sony recuasse e se reagrupasse. Os clientes estão
interessados em solucionar novos problemas de maneiras diferentes,
especialmente se houver uma redução de custo. Por exemplo, a combinação
de discos SATA e discos de estado sólido (SSDs) pode proporcionar um
melhor desempenho do que a compra de unidades de disco Fibre Channel
15K mais caras. Se eu fosse fornecer algumas idéias rápidas sobre a
ordem da comoditização da TI, a lista seria:

  1. memória
  2. processador
  3. conexão à rede
  4. sistema operacional
  5. armazenamento
  6. banco de dados

Os
itens 1, 2 e 3 se encontram em estágios avançados rumo à
comoditização. Os itens 4, 5 e 6 se encontram nos estágios iniciais ou
acelerados da comoditização. Em uma economia em aceleração, os líderes
em inovação
que comoditizam tecnologia são geralmente empresas privadas com
financiamento de risco. Em uma economia em deterioração, os líderes em
inovação costumam ser entidades de capital aberto que possuem a
experiência para combinar tecnologias para criar novas soluções. Além
disso, também é importante não ficar apreensivo em mudar o modelo de
negócios para essas novas soluções.

Em Tóquio, um colega me
perguntou como estava a economia nos EUA. Perguntei-lhe se estava lendo
os jornais ou assistindo aos noticiários. Ele disse que “sim”. Depois,
ele me disse que queria ouvir isso em primeira mão de alguém que
vivesse nos EUA. Perguntei a ele por quê e ele respondeu que ainda
achava inacreditável que a retração econômica fosse mundial. Para ele,
isso era óbvio no Japão, onde estava vivenciando a situação, mas as
crises econômicas em outras partes do mundo eram meras notícias
difíceis de compreender. Depois de ver pessoalmente a retração
econômica no mundo todo, não preciso perguntar a ninguém.

Continue inovando, continue comoditizando… este é o momento de aproveitar a oportunidade.

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